Sunday, January 17, 2010

Vida medíocre.

Vida. Oh vida medíocre. Que de nada me valeste. Sem nada pedir, meu carinho recebeste. Tua solidão foi o meu premio, meu consolo, meu refugio, minha fortaleza, meu castelo, meu lar, minha princesa. Oh vida medíocre, o que será de mim sem você? E quando eu procurar sem saber? Quais respostas, se entregam ao viver? Enaltecer-me? De que? Pra que? Por quê? Para nada. Oh vida medíocre, que breve se acaba. Quanta ternura, eu gostava. Mas fostes sem perguntar se eu lhe amava. Vidinha medíocre, vidinha ponderada. Donde eu descobri que os diamantes, ah os diamantes, saem do nada!


Travastes uma batalha em silêncio. Chorastes, sofrestes, cadê teu prêmio? Tudo bem eu compreendo, teu silêncio, tua face, teu sorriso é um prêmio. Oh vida medíocre, que lar é este que habitas? Forças poéticas que se chocam nas pistas. Nas formalidades, nas brigas. Me englobe, oh vidinha medíocre, para que eu possa dizer: Sim eu faço parte, eu amo quem me abate. Sem nada lhe pedir em troca. Vida medíocre, vida que se enrosca. Quem podia já foi embora, só me resta à aurora. O presente do poeta, do vilarejo, quem te liberta? Tu me cativaste moça esperta.

Pobre do homem pobre, o que o futuro lhe reserva, o mundo ta do avesso. Quando rezo, quando peço. Deus está presente, sempre esteve. Fui eu que me mantive ausente, por solidão. Amor platônico, sim acredito, sim eu vivo. Caro amor platônico, quem diria, meu mais confiável amigo. Mas ela era tão bonita! Bonita como a vida!

ass.: Radamés

Originalmente publicado no extinto blog improloucunismo pós-româncomico em 4 de julho de 2007.
Francisco

No alto do monte ao lado da igrejinha, certa vez e por acaso, havia uma casinha afunilada, um cisco, e nela habitava um pequenino menino chamado Francisco.
Baixote e minguado, franzino e danado, corria alegremente na imensidão verde do pasto, seu sonho porem era alto.

Paredes gigantes, imensas colunas, janelas e portas agigantadas, cadernos, apagadores, mata-borrões, meninas engraçadas. Maravilha é aprender, monocórdias mesmices ditadas, sabedoria sussurrada, repassada, no pequeno imenso colégio.
O mundo não cabe num livro, se coubesse diria baixinho: Hei olha que belo, é o advento moderno, macrocosmo interno, exteriorizado sabiamente nas paginas de um caderno, a fronteira entre o céu e o inferno? Ser humano, mundo deveras, mundinho desumano.

Sua paixão contagia, suas noitadas, suas orgias, quem diria? Que o rei dos reis certo dia voltaria, de sandálias e túnica, barba e cabelos por fazer, caminhado chegaria calmamente até você, e com o semblante sereno iria dizer: Tu és digno, aquário, leão, sagitário, meu signo, de que importa o meu hino, na atual, hipnose intelectual onde se encontra o pequeno menino, o “Tisco”, onde habitaras tu? Menino Francisco

ass.: Radamés

Originalmente publicado em improloucunismo pós-româncomico em 6 de julho de 2007
A velha cidade


A cidade dos homens é a cidade dos heróis, subúrbios minados, soldados fardados, crêem todos em um só, uma só saída, uma só esperança, uma só vida, uma só poesia. Heróis que dão respaldo, heróis inalienáveis. Trágicas máximas da epopéia suburbana, a trágica ilusão de Francisco, que crescerá atrás da igrejinha, na casinha pequenina, na casinha esculpida na dor, almejada no interior, no intimo dos sonhos puros, olhos maus a chamam de barraco, olhos tristes demonstram cansaço, afinal o que és ó casinha feita de madeira e barro?

Anjos na noite, bairros em pecado, reis de outras etnias aqui são destronados, nobres humilhados, ilustres desconhecidos, viajantes escondidos, que se refugiam em marquises, em estradas de sonhos, profundos e belos, ricos castelos, guerreiros eternos, que não usam ternos, mas para sempre eternos, em humildes versos. Provas de dignidade, não dêem ouvidos, na cidade dos homens impera a insanidade, o ódio profano, a casta dos excluídos, a irmandade dos manos.

Fabriquem sonhos, mas por favor deixe-nos desfrutá-los, aqui somente se semeia frutos amargos, que de tempos em tempos, florescem gigantes e não as mesmas lagrimas, os rostos tristes, cabeças baixas. A tribo dos Franciscos marcha, em direção ao nada. Ninguém sacia a vontade de crescer, ninguém nos faz entender essa limitação do desfrutar, do amar, enfim do viver.

Originalemente publicado em 11 de junho de 2007 no extinto improloucunismo pós-româncomico